quinta-feira, 24 de maio de 2012

modo turista: de Haagse Markt em Haia

Não sou turista, mas gostava! por isso não paro de treinar.

Já a preparar a minha ida a Maastricht (é a cidade que deu nome ao tratado que tem o nome desta cidade) falo ao atento leitor, nesta segunda edição da rubrica ''Modo Turista'', daquele que é o maior mercado da Europa: o Haagse Markt (morada: Hobbemaplein, Haia, Holanda), assim se um dia se deslocar lá vai poder sentir na hora, o orgulho de estar no maior mercado da Europa, algo que não pude sentir porque só soube quando cheguei a casa e a minha curiosidade me levou ao site oficial do dito cujo.

Este é um mercado em tamanho XL num bairro da periferia de Haia (ou Den Haag em língua indígena) e ostenta orgulhosamente uma área de 31 000 m2 (em cm2 é muito maior)  que são resultado da multiplicação do seu cumprimento (500 m) pela sua largura (62 m).


... se é verdade que por estas bandas a aritmética tem que estar afinada a economia acontece saudável e naturalmente: nos 4 dias semanais (segunda, quarta, sexta e sábado) em que os ''feirantes'' abrem as ''tendas'' ao público a procura cobre a oferta e a concorrência acontece mesmo, quer seja na baixa real de preço ou na batota com as balanças.

na imagem em cima poder-se-ia ver toda a extensão do mercado, houvesse para isso olhinhos!




a multiculturalidade que se vive no mercado e nas redondezas é mais um dos aspectos que tornam a ida ao Haagse Market interessante. 

a área reservada aos vegetais e frutas dá saúde só de ver e cheirar, a forma apressada e e meia atabalhoada como somos atendidos, por alguns comerciantes mais entusiasmados, faz, pelo stress, perder toda a saúde acumulada até ali.

atenção que a melancia não está a 75 cent/kg, mas sim a 75/ meio kg (oh indígina, tu és raaaato!)

ninguém imagina o que estes senhores fazem às azeitonas, recheiam-nas com tanta e tão ''cheirosa'' coisa que as ditas até coram.



Os produtos frescos, os preços baixos, a variedade de produtos, os tecidos de origem incógnita, os electrodomésticos em segunda mão e a sensação de se estar em Marselha atraem todos os dias 40 000 visitantes, que podem chegar aos 60 000 em dias especiais.

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Wetsus recebe o próximo Rei Holandês

(desculpem o título de estilo TVI)
Para quem não sabe a Wetsus é a Fundação que gere o Centro de Investigação de Excelência para a Tecnologia da Água no qual eu trabalho árdua e diariamente. Ora escrevo-vos hoje, em especial, porque no dia de amanhã o primeiro na linha de sucessão ao trono da Monarquia Laranja, que é o mesmo que dizer, o Príncipe Willem Alexander, filho da rainha Beatrix (é a Manuela Ferreira Leite das Holandas no que ao cabelo e fronha diz respeito), vai visitar as nossas instalações (nossas, salvo seja) onde todos os dias acontece ciência com c grande.

Achei por bem fazer aqui a minha humilde homenagem ao Príncipe que mostra ser um senhor em todas as ocasiões.

a marca alcançada no dia da rainha de 2012 é superior a 6 m, o que constitui o novo recorde, dentro da casa Real, no lançamento da retrete (e ainda está acima do recorde no lançamento do peso em Portugal... não é Marco Fortes?!). estes dados são reais para além de serem Reais, se é que me entendem...

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sexta-feira, 18 de maio de 2012

modo turista: em Roterdão

Não sou turista, mas gostava! é a pensar nisto que tenho treinado arduamente duas das questões técnicas que me farão um dia um turista de classe mundial: refiro-me ao 'passeio sem mapa' e ao 'fotografar contínua e ostensivamente'! o resultado do meu treino em Roterdão (ou Roterdã no novo acordo ortográfico... não é Dilma?) está patente no presente 'post' que entretanto começaste a ler e já percebeste ser tarde demais para voltar para o Facebook.


como todas as viagens esta também começou no início: Delft (terra bonita da província Holanda-Sul, berço do pintor holandês da era dourada, Johannes Vermeer, que é o da rapariga do brinco de pérola. mais recentemente é também a terra onde vive a minha rapariga geralmente sem brinco de tipo nenhum)

no inicio há sempre algum impasse, mas a decisão estava tomada... 

picasion
... em 15 minutos chegávamos a...

cidade moderna reconstruida quase do zero após os bombardeamentos nazis de 1940, daí ter sido tão difícil encontrar o centro histórico, que é como quem diz: andamos 1 hora perdidos, chegamos ao Zoo de Roterdão e percebemos que o nosso objectivo, a zona dos Museus, era na direcção oposta.


nestas questões a culpa é sempre de quem leva o mapa, porém nenhum de nós levava mapa algum pelo que a culpa fica por defeito atribuída ao homem.

aqui ainda estávamos a tentar encontrar o caminho...

quando a Cris pega na máquina consegue sempre captar o meu melhor lado!

chegados à zona dos Museus (espaço geográfico onde se concentram cerca de 20 espaços museológicos que abordam temas como a arquitetura, pintura, escultura e história entre muitos outros) entramos então na galeria de arte contemporânea Boymans van Beuningen... 


...para usufruir das valências sanitárias e da simpatia da senhora da recepção que nos indicou na perfeição o museu de História Natural. Com tanta simpatia fica-se sempre na dúvida: Vamos ou ficamos?
picasion

...e fomos mesmo, passamos num dos mais airosos Parques de Roterdão, reparando posteriormente que o português 'arcaico' tinha expressão num dos seus muros!

no mesmo muro havia também expressão radical num tom bem mais familiar.


a temperatura não chegava aos 14ºC mas a caminhada já levava mais de 2 horas e veio a cede, porém assalta-nos  de novo a dúvida: será potável ou não?
picasion


depois da ponte que apelava à reflexão chegamos ao museu de História Natural que por se ver bem de fora, nos fez poupar, sem cartões nem complicações, cerca de 12 €.

mais a Sul, naquilo que parecia um corredor de uma galeria de arte moderna e para lá de uma 'vitrine' podia ver-se e um 'cartoon' que remetia para o conto Bíblico: Abel e Caim. também aqui a transparência  nos levou a uma poupança significativa.

do outro lado havia um espaço 'Lounge' que era até bem perto, de tal forma perto que a entrada aconteceu tão rapidamente como a saída. Razão: ausência de gelados italianos no menu em holandês que por sua vez ostentava preços bem 'lounge' do que portugueses gostam de pagar. 


percorridos 2km, saboreados 2 gelados e gastos 2€ euros já se podia ver e tocar a ponte Erasmo (Erasmus em latim), não confundir com a ponte mal utilizada por estudantes Erasmus, essa outra fica em Budapeste. Erasmo de Roterdão foi um humanista holandês que nasceu em Roterdão mas viveu por toda Europa entre os séculos XV e XVI e personifica (pelo que pude depreender da informação do Wikipédia) o pensamento livre. Livre até de fronteiras, daí dar nome ao programa de intercâmbio universitário europeu (isto fui eu que percebi sozinho).

o Sol que enrompeu por entre as nuvens elevando a temperatura a uns semi-tropicais 15 ºC, o que é, nos padrões de um indígena (que agora adoptamos como nossos), mais que suficiente para um capuccino numa esplanada à beira rio: o Reno. (aquele rio que passa em Basileia, Estrasburgo, Colónia e Düsseldorf, entre muitas outras cidades, nos seus 1233 km de extensão, e desagua em Roterdão formando com o rio Mosa um bonito delta).


de costas para o rio podia ver-se um hotel de construção recente e arrojada.

à direita do hotel esquisito, 230 mastros ladeiam a avenida Boompjes naquilo que os indígenas chamam de Vlaggenparade (em Português: Parada das bandeiras) existem aqui 170 bandeiras de nações independentes (não encontrei nem a da Madeira nem a da Frísia) e 60 outras que se dividem entre patrocinadores e organizações mundiais como a ONU ou a Cruz Vermelha e a AlQaeda, esta última confunde-se fácilmente com a bandeira da Arábia Saudita.

há bandeiras que sempre me despertaram a curiosidade: como esta do Nepal pela forma peculiar...

ou esta de Portugal pela beleza singular!


também se podem ver bandeiras de nações com quase 10 aninhos de idade como é Timor-Leste, curiosamente faz 10 anos daqui a 2 dias e posso dizer: parece que foi ontem!

a zona do Porto antigo oferece a quem está farto de puxar pela cabecinha a tentar decifrar a nacionalidade de cada uma das 170 bandeiras hasteadas, um espaço tranquilo de repouso e algum assombro com as casas em forma de cubos (ao fundo), um dos ex-líbris da cidade.



ora, todos sabemos que uma casa em forma de cubo é algo bastante natural e comum, o que causa espanto é colocarem a casa/cubo de vértice para baixo enfiado numa das bases de um paralelepípedo de dimensões inferiores ao dito cubo. 

 

...só mais uma foto referente ao assombro geométrico. 

a catedral foi um dos poucos edifícios que resistiu aos bombardeamentos nazis de 14 de Maio de 1940, e viu a cidade reerguer-se das cinzas após a 2ª grande Guerra. 


numa das paredes de um edifício da avenida Coolsingel é possível ver uma gravura que retrata a ligação  fluvial entre Basileia e Roterdão, ligação essa que aparentemente estará para além do rio Reno numa qualquer lenda que desafortunadamente o Wikipédia desconhece.

na escadaria de entrada na Câmara Municipal (outro dos edifícios que resistiu a Maio de 1940) podia ver-se e fotografar-se um outro traço de juventude e irreverência sobre rodas.


a irreverência em Roterdão eleva-se a este ponto: ''Mac El Aviv''! o único Mac onde se pode comer Kebab. 
 



Roterdão é isto: uma cidade moderna, activa mas com história, portuária, com referências bem visíveis como são os arranha céus mas mesmo assim capaz de nos fazer ficar perdidos. São estes contrastes que fazem desta cidade o que ela é. (sempre sonhei fazer uma conclusão destas que deixa no ar um enorme elogio mas na realidade nada diz)
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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Coacção comercial

Gostava hoje de passar uma informação que considero relevante no âmbito da minha aculturação: os senhores que vivem e praticam o comércio no ramo das ''utilidades'', em Leeuwarden, sejam eles indígenas (maioria) ou fruto de migrações (o restante), apresentam global e surpreendentemente uma boa organização na exposição dos produtos e mais importante do que isso, usam técnicas subliminares de apelo ao consumo.




Por um lado têm temperaturas tropicais* no interior das lojas, o que faz da entrada nesses locais, uma busca inicialmente por conforto e só depois pelas tais ''utilidades'' ; por outro lado, ao entrarmos nessas lojas enfrentamos um inimigo que não se pode combater: a 'passagem' de música dos anos 80 e 90, essencialmente baladas, é prática comum e quase se pode dizer geral. Eu já senti esse efeito que quase se pode classificar de coacção comercial, contudo, o hit de Celim Dion ''my heart will go on'' não foi suficiente e consegui pousar a campainha de bicicleta da ''Hello Kitty'' antes de chegar à caixa.




*sim tropicais, refiro-me a temperaturas altas que ainda se desejam mercê do frio ridículo que ainda se sente nas ruas da capital da Frísia** em meados de Maio.


** deixei de lhe chamar Frislândia, que é outra coisa.
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